É estranho para nós, brasileiros, ouvirmos dizer que aquela cidade que conhecemos como “o templo de compras” se transformou em uma cidade universitária. Mas é bem isso que aconteceu. De acordo com um levantamento feito em 2018, a cidade vizinha contava com aproximadamente 15 mil estudantes de medicina sendo 98% de brasileiros. Em 2019 esse número já pode passar dos 20 mil. Por outro lado, a atividade comercial foi reduzida a 50%, segundo o próprio Conselho de Desenvolvimento Econômico de Ciudad del Este.
Os dados nos mostram de forma clara o aparecimento de um novo ciclo econômico na região. Se antes boa parte da população de Ciudad del Este dependia do movimento do centro comercial (que nós brasileiros conhecemos muito bem) hoje começa a aparecer uma dispersão no dinheiro que hoje é gasto com o pagamento das faculdades, onde as mensalidades giram em torno de R$ 600,00 (ou G$ 1.000.000,00).
Podemos colocar também nessa conta o custo de aluguel, alimentação e gastos com materiais de estudo. É um valor pessoal considerável, contudo que no fim das contas saí muito mais barato que um curso de medicina no Brasil.
Foz do Iguaçu também surfa nessa onda visto que muitos estudantes vindos de todas as partes do país escolheram para mora na borda brasileiro da fronteira. Um movimento que cria uma bolha imobiliária em ambas as cidades. Tenho amigos esteños, que inclusive, cogitam a hipótese de vir morar em Foz do Iguaçu, pois de acordo com eles o aluguel em Foz do Iguaçu está mais em conta. Em contrapartida, muitas imobiliárias de Foz apostam em atrair estudantes de medicina oferecendo apartamentos semi mobiliados.
Quem vai morar em Ciudad del Este hoje encontra uma cidade com muita estrutura. Uma praça com aproximadamente 1 km no centro da cidade oferece pistas de corrida e atletismo, quadras de futebol, rugby e até mesmo basebol. Ideal para uma cidade estudantil como Maringá, Londrina e Curitiba também oferece seus parques.
Além de infraestrutura, ótimos professores e investimentos em modernização, as instituições de ensino paraguaias dedicam-se a oferecer um bom acolhimento aos estrangeiros, agora inseridos em uma nova cultura. O site estudarmedicina.com.br especializado em reunir informações para quem decide estudar no Paraguai revela que são no mínimo 5 pólos universitários que oferecem o curso de medicina além de outros cursos derivados da área de saúde como enfermagem, fisioterapia, farmácia e etc.
Ontem estive no Paraguai depois de muitos anos que não vou além das bandas do microcentro. Encontrei uma cidade que respira a noite, muito diferente de Foz do Iguaçu. São avenidas cheias de grandes mercados, food parks, restaurantes bem frequentados, cafeterias, chiperias, panificadoras e principalmente: as pessoas andando, vivendo e curtindo uma cidade. No parque. Nas ruas. No lago…
Definitivamente é uma cidade universitária muito mais forte que Foz do Iguaçu que também se destaca no ramo da educação (com UNILA, Unioeste, UDC, Uniamérica e outras), mas que infelizmente ainda não oferece uma estrutura urbanística necessária para observarmos o movimento como em Ciudad del Este nos mostra.