Jorge Ramon Galeano Cabral, formado em Engenharia de Energia na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), foi selecionado para receber uma bolsa de estudos em um dos programas acadêmicos mais disputados do mundo, o Fulbright. De nacionalidade paraguaia, ele irá atuar, durante dois anos, em uma universidade americana onde poderá dar continuidade as pesquisas da área de energias renováveis que iniciou durante seus estudos na Unila. Jorge foi integrante da primeira turma do curso de Engenharia de Energia, onde ele iniciou o desafio de estudar com afinco e se dedicar a pesquisa científica.
O incentivo para essa conquista veio do professor Walfrido Alonso Pippo, cuja formação acadêmica se deu principalmente na Rússia, e que depois passou a atuar em vários projetos de energias renováveis em Cuba, Itália e Brasil. Ele afirma com orgulho: “Todo o mérito da conquista é do estudante, que desenvolveu um trabalho de conclusão de curso de qualidade e decidiu manter os estudos na área de energia fotovoltaica, demonstrando interesse em disputar bolsas em vários programas internacionais como o Fulbright, que é considerado de excelência”.
Após concluir o curso, Jorge buscou cartas de recomendação de professores próximos a ele para pleitear uma bolsa de estudos no exterior. Somadas a um bom histórico escolar e ao domínio da língua inglesa, suas chances tornaram-se mais reais. “O processo seletivo começou no primeiro semestre deste ano, e passei por vários filtros, incluindo uma entrevista em inglês para uma banca formada por 12 pessoas, na Embaixada dos Estados Unidos, com representantes da Laspau”, declarou. A Laspau é uma organização sem fins lucrativos que seleciona estudantes latino-americanos para universidades norte-americanas e está fisicamente localizada no campus da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.
Bolsa de excelência
A Fulbright é uma bolsa disputada por estudantes de todo o mundo, e apenas os melhores de cada país conseguem atingir o objetivo. “Concorri como estudante de nacionalidade paraguaia, e acredito que o fato de ter cursado na Unila, que tem uma visão internacional, tenha contribuído para eu conseguir a bolsa”, conta Jorge. Outro ponto que ele reforça como positivo é que a área de formação – Engenharia de Energia – venha a colaborar para o desenvolvimento do seu país.
O beneficiado com a bolsa está avaliando cinco instituições nas quais poderá atuar já no próximo ano. “Estou interessado na Universidade da Flórida, onde atua um professor brasileiro responsável por um laboratório relacionado à minha área e que foi o responsável por lançar o curso de Engenharia de Energia na UFRGS. Mas também tenho possibilidade de ir para universidades do Arizona ou Nova York”, diz ele. Para manter-se nos Estados Unidos, ele receberá uma bolsa no total de 90 mil dólares pelo período de dois anos. Sua estada também vai contar com a colaboração de recursos do Paraguai, provenientes da bolsa Dom Carlos Antonio Lopes, em colaboração com a Fulbright.
Projetos em vista
Na Universidade da Flórida, Jorge pretende desenvolver projetos na área de geração solar fotovoltaica conectada à rede através de Smart Grid (redes elétricas inteligentes). A proposta, segundo ele, é verificar a viabilidade dessas redes em áreas urbanas. De forma prática, Jorge explica que a proposta é incentivar que mais residências implantem painéis fotovoltaicos e estejam conectadas à rede das concessionárias de energia local. “Nesse quadro, cada unidade habitacional utiliza a própria energia que produz e ainda tem condições de entregar à rede o residual da produção, que é computado em forma de crédito para abater na conta de energia”, explica.
Ainda quando estudava Engenharia, Jorge desenvolveu um projeto que denominou de Itayta, um protótipo de embarcação movida à energia renovável, que teria função de controle e fiscalização do lago de Itaipu. O resultado do trabalho apresentado chamou a atenção da banca de forma positiva, e agora ele pretende dar continuidade. Para a realização dessa pesquisa, foi projetada, primeiramente, uma embarcação movida à energia solar. Depois, com uma microturbina a biogás e, futuramente, com célula combustível, fase que o professor Walfrido Pippo considera como o futuro da mobilidade elétrica. A evolução desse projeto está sendo tratada pelo professor, que tem buscado recursos para o desenvolvimento da pesquisa.