Certa vez, resolvi pedir um conselho a um amigo (quando digo amigo, é também amigo de lutas, se é que você me entende). Era dia 12 de junho e eu buscava um lugar bacana e acessível, na qual pudesse levar minha amada e ficar à vontade para comemorar a data, como é a proposta. Afinal, “dia dos namorados” simboliza o que mesmo? Ah sim, o amor. Isso na teoria, porque na prática é outra coisa…
Infelizmente, acredito que muitas pessoas possam se identificar com certos relatos. Pois, PASMEM:
em 2016 ainda há estabelecimentos que negam atendimento para casais do mesmo sexo.
Parece exagero, né? Aliás, é tão ridículo que parece absurdo.
Olhares, comentários e dedos chegam de brinde, na maioria dos casos, por parte de clientes já na casa. O pior e mais humilhante é receber esse pacote de quem representa a empresa. Fico na dúvida, aliás, ao tentar definir o que é mais humilhante: receber pratos horríveis e não poder contestar, porque “é o que temos”. Ou, estar de frente para uma mesa vazia e ouvir “estamos cheios essa noite”. Tem aquelas outras frases “ninguém mandou”, “não posso fazer nada” e “não costumamos receber clientes assim”.
Seria cômico, se não fosse trágico.
“Mas poxa vida, se você sabe que isso pode acontecer, por que vai?”
Não, isso não deveria acontecer. São estabelecimentos que lidam com público que tem interesse e acima de tudo, carência. Não existe isso de “é só não ir” ou “fica em casa então”. Estou falando de pessoas que querem VIVER e estabelecimentos que esperam crescer. Além disso, convenhamos, é tão óbvio que nem precisaria ser citado, Foz do Iguaçu é uma das cidades mais visitadas do MUNDO. A visibilidade que temos é incrível e não acompanhar atualizações, em diferentes assuntos, é incompreensível. E cá entre nós, poderíamos falar de uma cidade com mil habitantes, que nada mudaria. O profissionalismo anda de mãos dadas com o respeito.
Eu poderia citar nomes, mas não é a minha intenção. Até porque, em todas as vezes que essas situações aconteceram comigo, entrei em contato com algum responsável e deixei clara a indignação. Em apenas um dos casos, eu retornei. Outro lugar acabou fechando e os demais, não indico quando me perguntam.
Eu não sei você, mas agora, quando sinto vontade de conhecer um lugar novo, eu procuro me informar bastante sobre os conceitos da casa, além de cardápio e preços. Busco saber como é o posicionamento nas redes sociais e como se comportam em relação ao “diferente” (ironia demonstrada em aspas). E é por isso que fico tão feliz ao ver novos empreendimentos, seja hostel, balada, café ou bar, com o antigo e frustrado cliente passando a ser empresário. E torço para que isso aconteça cada vez mais, para que a cidade perceba que sucesso vai muito além da conta bancária.
Então você, empresário de Foz, caso esteja lendo, entenda esse texto como um pedido HUMANO. Eu existo, trabalho e vivo normalmente, como você. E tenho ao meu lado, alguém igual a mim, que também existe, trabalha e vive. Eu quero entrar no seu restaurante e saber que o meu afeto não te afeta. Que você pode sim, ter suas crenças e convicções, mas que isso não deve se tornar julgamento e ir para o meu prato (isso quando vai, claro).
Se eu quero um tapete vermelho para entrar em todo lugar que vou? Não.
O que eu quero mesmo é o ingrediente principal, que todos, absolutamente todos os estabelecimentos deveriam oferecer: respeito.
Para NÃO precisar pedir o menu e perguntar: e aí, tem amor no cardápio?
Porque amor a gente sente.
E “sinto muito” não se encaixa.
Alice Zanatta, 26, é publicitária e trabalha com marketing digital em Foz do Iguaçu.