A coordenação de Enfermagem do Hospital Municipal (HM) divulgou um balanço do número de internamentos por dengue em 2016. De janeiro a setembro, 468 pacientes deram entrada com suspeita da doença. Em 289 casos, o problema foi confirmado. O custo dos tratamentos passa de R$ 1,5 milhão. O cálculo leva em conta o tempo de internação, medicamentos e estrutura utilizada, como a Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Por dia, o custo médio de um único paciente com dengue é de R$ 600 reais. Como a média de internação é de três dias, o valor chega a R$ 752 mil. Pelo menos 50 pacientes necessitaram de UTI, onde o custo diário é de R$ 1,7 mil. Levando em conta que os pacientes ficam, no mínimo, dez dias, as despesas atingem R$ 850 mil. Somando os dois grupos, o valor chega a R$ 1,6 milhão.
Mas este valor pode ser ainda maior. “Tivemos pacientes que ficaram até 15 dias na UTI, e casos de até dois meses de internamento por dengue, o que aumenta ainda mais esse custo”, disse a secretária municipal da Saúde, Patrícia Foster Ruiz.
Parte das despesas está ligada aos exames laboratoriais, realizados a cada quatro horas em pacientes internados com dengue, conforme protocolo do Ministério da Saúde. “A dengue tipo C evolui muito rápido, e esse monitoramento por meio dos exames define a medicação adequada para esse paciente”, explicou Patrícia, que também é interventora da Fundação Municipal de Saúde.
Desde o ano passado, o HM possui uma ala para situações de epidemia, como gripe Influenza e dengue. O espaço possui 18 leitos separados por cortinas e equipado com oxigênio, vácuo e ar comprimido, podendo inclusive manter pacientes entubados. “É um local permanente, ativado no período de maior demanda”, disse Karin Couto, coordenadora de enfermagem do hospital.
A estatística divulgada pelo HM faz parte da mobilização popular de combate à dengue deflagrada pela Secretaria Municipal da Saúde (SMSA) no começo da semana.
Treinamento
A preocupação com novas epidemias de dengue no Paraná levou a 9ª Regional da Saúde a realizar uma capacitação para enfermeiros e médicos dos nove municípios da região. O treinamento foi ministrado pelo médico Enéas Cordeiro de Souza Filho, referência na Secretaria de Estado da Saúde (SESA) no estudo da dengue. Além de reforçar as orientações, ele alertou para a incidência cada vez maior de tipos mais graves da doença e óbitos. “O profissional de saúde deve estar atento aos sintomas do paciente, mas também a outras patologias que podem estar associadas e aumentar a gravidade do caso”, disse.
Em 2016, Foz do Iguaçu registrou 6,5 mil casos confirmados de dengue e 19 mortes, sendo 14 moradores de Foz e cinco de outros estados e países. “Já iniciamos um estudo sobre o perfil dos pacientes que morreram, e identificamos casos em que a dengue agravou problemas como hipertensão, diabetes e lúpus, levando ao óbito”, revelou a enfermeira Mara Rípoli, da divisão de Epidemiologia do município.
Agentes de endemias do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) e agentes comunitários de saúde ligados à Atenção Básica já intensificaram os trabalhos de verificação domiciliar, orientando os moradores a eliminar recipientes que acumulam água ou cobri-los, no caso das caixas d’água.