Ao contrário do pessimismo que prevaleceu no Fórum Econômico Mundial de Davos, em janeiro deste ano na Suíça, a versão latino-americana do fórum foi encerrada nesta quinta-feira (16), no Rio de Janeiro, em clima de otimismo. O empresariado da América Latina está convicto de que a região está mais preparada para enfrentar a turbulência internacional do que em épocas anteriores. E a crise, em vez de assustar, é vista como uma oportunidade para se repensar negócios e parcerias.
“Os fundamentos macroeconômicos que resistiram razoavelmente bem aos impactos da crise continuam sólidos. Inflação e déficits estão relativamente baixos, reservas internacionais estão altas, o comércio internacional encontrou novos mercados, o endividamento é baixo, os bancos centrais têm espaço para políticas monetárias, para redução de juros e para estímulos fiscais”, sintetizou o diretor executivo do Itau/Unibanco, Ricardo Villela Marino, no encerramento do fórum.
“Os participantes da América Latina sentem que estão prontos para enfrentar a crise em condições melhores do que, jamais [houve] no passado”, afirmou. Ricardo Marino sugeriu que se estimule a demanda interna para compensar o recuo na demanda internacional.
Marcelo Odebrecht, diretor executivo da Odebrecht e, como Marino, co-presidente do Fórum Econômico Mundial chegou a dizer que daqui a dois anos todos olharão para trás e agradecerão pela crise. “Estávamos crescendo de forma atabalhoada. Acho que vamos ter, na crise, a oportunidade de arrumar a casa”, afirmou.
Com o mesmo argumento do ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias – que participou da mesa América Latina: Recessão Econômica e Distribuição de Renda, Odebrecht afirmou que os pobres fazem parte da solução da crise. “O pobre pode gerar a demanda necessária para a região sair da crise”, disse. E defendeu parcerias público-privadas não apenas no campo econômico mas, principalmente, com objetivo na redução da pobreza e na melhoria da distribuição de renda.
Convidado a participar da sessão final do Fórum Econômico da América Latina, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, também afirmou que a superação da crise depende de uma “nova relação” entre o público e o privado. “Acho que o Estado pode ser o grande parceiro do setor privado na superação da crise”, opinou. o governador criticou a concentração de poderes e receitas tributárias nas mãos do governo federal e pediu o que chamou de reestabelecimento da presença de estados e municípios. “Em 1988, as contribuições do poder central reptresentavam 10% de tudo o que se arrecadava no país. Hoje, a arrecadação da União representa 70%”, disse.
A última intervenção da plenária final do fórum ficou sob responsabilidade do ministro de Indústria, Comércio e Turismo da Colômbia, Luis Guillermo Plata – pela previsão inicial, deveriam encerrar o encontro os presidentes da Colômbia, Álvaro Uribe, e da República Dominicana, Leonel Fernandez. Para o ministro colombiano, a crise é uma oportunidade de se aprofundar a integração regional. “Ainda nos falta muito para a integração, estamos muito distantes do que é a União Européia. Na medida que a integração se consolida, cresce muito o mercado, cresce o consumo. A integração pode ser uma solução para crise”, afirmou Plata. A Colômbia sediará o Fórum Econômico Mundial de 2010.