A Caixa Econômica Federal terá em suas agências uma linha de financiamento específica para o turismo. O anúncio foi feito nesta segunda-feira (27), na capital paulista, pelo ministro do Turismo, Luiz Barreto, e pela presidente da Caixa, Maria Fernanda Ramos Coelho, que assinaram protocolo de intenções com a Associação Brasileira de Agências de Viagem (Abav) para o início das operações.
Também fazem parte do acordo a companhia aérea TAM e a operadora de viagens CVC. Com a nova linha, espera-se ampliar a concessão de crédito no setor. O objetivo é oferecer financiamentos de pacotes turísticos diretamente para o turista.
De acordo com Barreto, o valor máximo do crédito a ser tomado é de R$ 10 mil, com prazo de 24 meses para o pagamento via boleto bancário ou débito em conta corrente. Não será necessário ser correntista da Caixa para obter o financiamento e as taxas de juros serão definidas em conjunto com cada parceiro, com base nos aspectos regionais e na política de cada conveniado.
O crédito será distribuído para todo o país. O turista poderá procurar as agências ou as operadoras de turismo. “Nós queremos manter o crescimento que tivemos do turismo no verão e crédito é fundamental. Crédito de até R$ 10 mil por pessoa física, desburocratizado, com os juros mais baixos do mercado, é uma injeção de ânimo em toda a indústria do turismo. Isso deve gerar um crescimento de 5% no setor, o que é muito importante nessa fase na qual o mundo todo vive”, disse o ministro referindo-se à crise financeira.
Segundo Barreto, a linha de crédito do turismo é feita para a população de baixa renda, que não está acostumada a fazer viagens devido ao custo. “É para incrementar aqueles 20 milhões de brasileiros que entraram no mercado de consumo nos último anos e que estão consumindo fogões, geladeiras e automóveis, para que consumam também viagens”.
O incentivo já deve estar disponível para os próximos feriados prolongados. A previsão é a de que as agências de viagens estejam prontas para atender o consumidor dentro de uma semana a dez dias, por conta das adaptações e do treinamento necessário ao programa.
O vice-presidente da Caixa Econômica Federal, Fábio Lenza, disse que as prestações terão valor mínimo de R$ 50 e, para que o programa entre em vigor de fato, é preciso que as agências e as operadoras de turismo entrem em contato com a Caixa para firmar as parcerias. “A partir daí, acontece um treinamento, que é muito rápido e muito simples, para que a agência possa operar o crédito. Na medida que o crediário estiver disponível, as agências divulgam para a sua clientela”, explicou Lenza.
Por enquanto, a linha de crédito só financiará pacotes nacionais. Com isso, pretende-se incentivar o turismo dentro do Brasil. Segundo Lenza, o limite de R$ 10 mil para uma família viajar é compatível com as características de um pacote regional. “Tendo demanda, essa linha pode ser estendida também a pacotes internacionais. No momento, nesta parceria, a linha lançada foi para incentivar o turismo nacional”.
Para obter o financiamento, basta ir até uma agência com carteira de identidade, CPF, comprovante de residência e de renda (contra-cheque, imposto de renda, contas de serviços como água e luz). O cadastro é feito na hora. A liberação do crédito também é imediata. “A qualquer momento, ele [o sistema] já dá o limite de crédito, emite uma cédula de crédito, o cliente assina e já sai com o pacote de viagem em mãos. Assim que a agência nos entrega essa cédula, nós creditamos na mesma hora o valor para a agência de turismo”, explicou Lenza.
O presidente da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa), José Eduardo Barbosa, disse que, com o financiamento, espera-se que o turismo doméstico cresça em torno de 20%. Segundo ele, as operadoras de turismo que compõem a Braztoa, e que detém 80% do movimento das viagens realizadas no país, têm um valor estimado em R$ 7 bilhões para movimentar em 2009. “Vivemos um ano especial. A composição desse valor se dá com viagens internacionais, domésticas, cruzeiros marítimos. A expectativa de crescimento no ano, no geral, é de 5%, porque o doméstico está reagindo muito bem. A temporada de verão foi muito boa e também fundamentamos nossa expectativa nos cruzeiros marítimos do final do ano”.
Barbosa disse ainda que o mais importante da nova linha de financiamento são as prestações mais baratas e em maior número. Ele acredita que, com isso, o setor passará a atender um novo espectro de clientes.