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Alfi Vivern mostra uma das 50 miniaturas da escultura que serão distribuídas na segunda-feira (18) |
A paisagem próxima à barreira de controle da margem esquerda da Itaipu foi definitivamente alterada na noite desta quarta-feira (13). Uma imponente escultura de mármore branco foi posicionada no centro da pequena praça localizada logo após a entrada principal da binacional. É o Portal do Conhecimento, obra de Alfi Vivern, artista argentino radicado no Brasil. O trabalho vai muito além da mera mudança do aspecto local: a arte esculpida na pedra simboliza, de forma perene, os laços que unem a Itaipu à Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila).
Com 16 toneladas e cinco metros de altura, a obra será inaugurada na segunda-feira (18), em solenidade que fará parte das comemorações do aniversário de 35 anos da Itaipu. “O desafio proposto pelo diretor-geral brasileiro, Jorge Samek, era criar algo que estabelecesse o vínculo indelével da Unila com a Itaipu”, lembrou o assistente do DGB e integrante da Comissão de Implantação da Unila, Paulino Motter. Foi o início de uma jornada intensa, que envolveu Alfi e empregados de diversas áreas da Itaipu. Pouco mais de um mês depois, todo esse trabalho culminou no posicionamento da escultura no local onde ela permanecerá permanentemente.
A luz do sol de quarta-feira (13) já tinha ido embora quando a epopeia particular de Alfi Vivern chegou ao fim. Momentos antes ele ainda vivia uma angústia: veria pela primeira vez, ali mesmo, no seu destino final, a junção das duas peças que esculpiu formando uma única escultura. E ao ver sua “cria” finalmente pronta, chorou. Sem qualquer cerimônia extravasou sentimentos de alívio, conquista e gratidão pela ajuda que recebeu até o “grand finale”. Não foi por menos.
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O posicionamento da escultura terminou no início da noite |
Alfie viveu momentos tensos nos últimos 40 dias. No começo de abril soube da empreitada por Paulino Motter e contou com a colaboração do “staff” da Itaipu, tanto na concepção da ideia como na procura das pedras certas para a obra. Não as encontrou em Foz do Iguaçu e foi buscar em Cachoeira do Itapemirim, no Espírito Santo (ES). “O basalto de Foz é muito ‘fraturado’, o que não permitia realizar a ideia do portal dada pelo Paulino, por isso fui atrás do mármore”, explicou.
Por 12 dias esperou ansiosamente a chegada em Curitiba das duas pedras de 16 toneladas cada que havia escolhido. Esculpiu e deixou cada uma delas com metade do peso. “Nunca havia feito uma escultura desse tamanho e nada parecido em tão pouco tempo”, disse Alfi. Com o prazo “no laço”, ele não teve tempo para unir as peças na oficina.
Já na Itaipu, pouco a pouco os dois monólitos que compõem a escultura foram se posicionando. A operação de retirada e instalação foi trabalhosa, durou pouco mais de cinco horas e contou com a ajuda de empregados de diversas áreas. Com um guindaste, a colocação de cada uma das pedras em seu devido lugar foi difícil. Em duas das várias tentativas foram arrancadas pequenas lascas da segunda pedra. Aquilo doía no artista. “Mas dá para arrumar”, dizia.
Alfi ainda fará o acabamento fino da obra – limpeza, lixação e isolamento, por exemplo. “Mas podem ficar tranquilos, até segunda ficará pronta”, garante. Para ele, o fim da sua epopeia marca o início de outra. “Essa pedra é uma moldura para a passagem da luz solar, a mesma luz que clareia ideias, que lembra nascimentos e conhecimento, antítese das trevas”, filosofou Alfi, se referindo ao surgimento da Unila.
Praça em tempo recorde – Se Alfi fez a escultura em tempo recorde, a praça que a recebeu foi realizada da mesma forma. "Em apenas uma semana e meia ficou pronta, também foi o nosso recorde", ressaltou o gerente da Divisão de Infraestrutura e Manutenção, Carlos Bernardi. O trabalho ainda envolveu a Divisão de Serviços, que fez o projeto e fiscalização das instalações elétricas, e a Divisão de Estudos, que realizou o levantamento topográfico. “Não teve sábado, domingo ou feriado, o pessoal vestiu a camisa mesmo”, ressaltou Everson Pereira. “É gratificante ver tudo pronto, principalmente sabendo que esta é uma obra para ser lembrada”, concluiu.
O artista – Argentino naturalizado no Brasil, Alfie Vivern mora em Curitiba, tem 60 anos e há 30 realiza exposições individuais e coletivas. Tem obras em diversos parques, praças, universidades, museus, coleções particulares e prédios públicos, tanto no Brasil, como no exterior. Foi o idealizador e organizador do Simpósio Internacional de Escultura de Brusque (SC). De 2001 a 2007 formou um acervo com mais de 100 esculturas com grandes nomes do cenário artístico internacional da arte tridimensional, como Amilcar de castro, Gió Pomodoro, Francisco Stockinger, Juarez Machado e Oscar Niemeyer. Desde 2007 dirige o Museu de Arte Contemporânea de Curitiba.
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Alfi posa com a equipe que colaborou com a instalação da escultura na praça. "Não tenho palavras para agradecer a eles", exclamou |