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Itaipu propõe condomínio de energias renováveis

JIE
Cícero Bley explica o projeto para os agricultores da região

A Itaipu Binacional, em parceria com a Emater e a prefeitura de Marechal Cândido Rondon, realizaram no dia 14, na sede da Associação dos Moradores do Ajuricaba, mais uma etapa do projeto de implantação de um condomínio de geração de energia a partir de biogás na bacia do Rio Ajuricaba. Os parceiros explicaram aos agricultores como serão executadas as obras e quais as responsabilidades de cada parte e, ao final do encontro, todos assinaram um protocolo de intenções. 

“O projeto cumpriu uma etapa muito importante, pois a assinatura do protocolo sinaliza a boa vontade dos agricultores em participar da iniciativa e nos dá subsídios para avançar”, afirmou o superintendente de Energias Renováveis da Itaipu, Cícero Bley.  

Das 39 propriedades rurais previstas no projeto, 23 assinaram o documento. Como a reunião foi realizada em um dia de muita chuva, o que deve ter dificultado o acesso para os moradores dessa área rural, outros proprietários ainda poderão aderir nos próximos dias.

O projeto consiste na adequação ambiental das propriedades, na construção de biodigestores para a coleta de dejetos das atividades agropecuárias, na implantação de dutos para canalizar o biogás e na instalação de uma central termelétrica para geração de energia, que abastecerá o conjunto de propriedades e fornecerá o excedente para a rede pública. “É um projeto com foco na agricultura familiar. São propriedades de pequeno porte, que dificilmente viabilizariam a produção de energia de forma isolada, mas que podem fazer isso em conjunto”, completou Bley.

Conforme explica o superintendente de obras da Diretoria de Coordenação da Itaipu, Newton Kaminski, a próxima etapa será visitar cada propriedade para verificar quais as adequações ambientais necessárias. Se, por exemplo, uma leiteria ou uma pocilga estão localizadas na área de proteção permanente, elas precisarão ser realocadas em outro ponto. “Serão realizados dois convênios. O primeiro para as obras civis de adequação das propriedades e o segundo para a construção das tubulações. A Itaipu entrará com todo o material necessário, cabendo aos agricultores apenas a mão-de-obra. Por último, será realizada uma licitação pública para a construção da central termelétrica”, explicou Kaminski, acrescentando que a Emater entrará com a assistência técnica e a capacitação dos agricultores, e a prefeitura com equipamentos e parte da mão-de-obra.
 
Como se trata de uma iniciativa inédita no País, a Itaipu pretende fazer do condomínio uma estrutura modelo, com infraestrutura para receber visitas técnicas, de instituições de ensino e pesquisa, e órgãos de governo interessados em promover o aproveitamento de fontes renováveis de energia.
 
O projeto também tem como princípio estimular o aproveitamento de tecnologias desenvolvidas na região. Por isso, serão utilizadas as soluções criadas e aprimoradas pelo agricultor Pedro Kohler. Ele adaptou caixas d’água de fibra para serem utilizadas como biodigestores. “Esse biodigestor pode ser usado na vertical ou na horizontal. Mas a experiência tem mostrado que na vertical o desempenho é melhor. É praticamente auto-limpante porque não dá crosta (resíduos sólidos na superfície)”, explicou Kohler.
  
No começo de maio, a propriedade de Kohler recebeu a visita de 22 agricultores do Ajuricaba, interessados em conhecer o sistema. Além de testemunharem que a solução é de fácil aplicação em pequenas propriedades, eles puderam perceber duas importantes vantagens do tratamento dos dejetos: a ausência de moscas e de mal cheiro.
  
Além de se converter em uma estrutura-escola, outra boa perspectiva para o projeto vem da recente viagem à Áustria que reuniu diversos parceiros da Coordenadoria de Energias Renováveis, em que os técnicos puderam conhecer a aplicação do biogás no transporte. A partir de um kit de purificação do gás, é possível obter um combustível que pode ser utilizado em qualquer veículo adaptado ao GNV (gás natural veicular). Assim, a ideia é que, no futuro, os agricultores também possam utilizar o biogás que produzem para a movimentação de safra e no maquinário agrícola.