De olho na competitividade, empresas do setor participam de encontro de multiplicadores da certificação MPS.BR e CMMI; no oeste, já são cinco empresas em fase de implantação dos padrões de qualidade do MPS.BR
Desenvolvido em dezembro de 2003, o Programa de Melhoria de Processo do Software Brasileiro (MPS.BR) visa, prioritariamente, atender as micro, pequenas e médias empresas do setor de Tecnologia da Informação (TI). O objetivo é aumentar a qualidade e competitividade dos produtos e serviços de software do País, com base em padrões internacionais de qualidade.
O MPS.BR é o modelo compatível com o Capability Maturity Model Integration (CMMI), criado por uma universidade do estado da Pensilvânia, nos Estados Unidos. Estima-se que, hoje, mais de 300 empresas brasileiras já utilizam algum dos modelos de qualidade em TI. Somente pelo MPS.BR, são 195 já certificadas e aproximadamente 100 em fase de implementação. No Paraná, o número é de nove certificadas e 16 iniciando a certificação.
Recentemente, empresários e colaboradores do segmento de TI, do oeste e sudoeste paranaense, tiveram a oportunidade de contato com o Centro Internacional de Tecnologia de Software (CITS), por meio da parceria entre o Sebrae/PR e Arranjos Produtivos Locais (APL) de TI das duas regionais. O CITS conduz, no Estado, dois grandes projetos rumo à certificação de qualidade, para o MPS.BR e o CMMI.
Os encontros foram conduzidos pela consultora em MPS.BR associada ao CITS, Renata Marins de Sá Frank, na sede do Sebrae/PR em Cascavel, nos dias 11 e 12 de março, para formação de multiplicadores do Programa de Análise em Qualidade de TI (PraTIQ); e dia 13, para um minicurso de Estimativas de Software.
Segundo o consultor do Sebrae/PR em Cascavel, Edson Braga da Silva, ambos os eventos são ações integrantes dos projetos de parceria da entidade com os APLs regionais de TI. “Unimos esforços para oferecer ao setor oportunidade de crescimento e fortalecimento profissional. Em contrapartida, todos ganham com a consolidação e qualidade dos produtos e serviços de software regionais”, assinala.
Multiplicadores – Um dos eventos, conduzidos pela representante do CITS, teve como objetivo capacitar profissionais multiplicadores do PraTIQ. Esses profissionais serão responsáveis por apresentar às empresas da região os conceitos e fundamentos de Qualidade em Gestão e Desenvolvimento de software, tendo como base disciplinas de Gestão de Projetos, Gerência de Requisitos e Gestão de Processos.
“A atividade do multiplicador consiste em realizar uma análise do status atual da empresa permitindo que, com as descobertas realizadas, elas possam escolher um modelo de referência para processos de software (CMMI ou MPS.BR) mais adequado à sua realidade e, em seguida, participar de projetos de melhoria de processo apoiados pelo CITS, Sebrae e APL regional”, explica Renata Fank.
Estimativas – As empresas integrantes do APL de TI da região oeste (Iguassu-IT) estão reunidas em um grupo para implementação do MPS.BR, cinco delas já iniciaram os processos de adaptação e as demais estão em fase de definição de processos.
No minicurso de Estimativas de software, Renata Fank apresentou técnicas de estimativa para projetos de software utilizados atualmente no mercado. “Mantivemos o foco em alcançar o objetivo deste projeto, que é a maturidade nível G do MPS.BR. Para isso, fornecemos informações importantes para que empresas de desenvolvimento de sistemas e produtos de software possam escolher, e caso necessário, adaptar o método, de forma adequada”, avalia a consultora do CITS.
Qualidade em processos – Conforme orienta Edson Braga da Silva, um dos focos do Sebrae/PR em apoiar aos APLs de TI é tornar o segmento competitivo tanto nacional quanto internacionalmente. “O investimento nesses cursos e palestras pretende levar nossas empresas de software a excelência de seus produtos e processos e é preciso muita preparação para conseguir as certificações.”
Mesmo com o alto padrão de exigências para conseguir as certificações, o Paraná vai atingir, até o final deste ano, 32 empresas avaliadas com sucesso por alguma das certificações. “Fazendo um comparativo, desde quando iniciamos os projetos ‘Rumo ao CMMI’ e ‘Rumo ao MPS.BR’, em 2008, o Estado dará um salto de 1000%, até o final de 2010, no número de empresas avaliadas positivamente”, garante Renata Fank.
O empresário e coordenador do APL Iguassu-IT, Siro Canabarro, está há três meses trabalhando nos processos de melhoria para o MPS.BR. “A mudança é radical nessa fase de implementação, e mesmo com pouco tempo, já conseguimos perceber resultados em produtividade e processos. Não é fácil mudar hábitos de uma empresa que já está no mercado há 16 anos, mas é possível”, orienta.
E a ideia, complementa a consultora, não é parar por aí. “Com a ajuda dos parceiros e do Projeto PraTIQ estamos constituindo e viabilizando a montagem de mais grupos de empresas pelo Estado. Outro foco também será o desenvolvimento de projetos voltados à CMMI-SVC (para serviços) e ITIL, para aquelas empresas TI em que o foco está na prestação de serviços de TI e não somente no desenvolvimento de software.”
Canabarro completa que agora está mais fácil para o empresário que deseja a certificação. “Com o PraTIQ, fica mais fácil alcançar as exigências da certificação. O impacto na empresa é menor e as mudanças podem acontecer de forma gradativa. Participando do programa, a empresa já terá alguma preparação ao iniciar o processo da certificação”, diz.