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Chata: a Fórmula 1 muda, mas não chega onde quer

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Nos últimos 10 anos, com o a “era Schumacher” e as corridas de estratégia, fãs da Fórmula 1 vêm constantemente reclamando que a categoria máxima do automobilismo tem se tornado maçante para os telespectadores, com poucas ultrapassagens e muitos, muitos GPs enfadonhos.

Foto: Flickr /dck47
Michael Schumacher
Piloto alemão Michael Schumacher, sete vezes campeão mundial de F-1, nos tempos de Ferrari

Por causa disso, em meados de 2005, a FIA (Federação Internacional do Automobilismo) decidiu começar a mudar as regras da competição para aumentar as disputas dentro da pista e diminuir os custos de desenvolvimento. De cara, proibiu a troca de pneus nos pit stops. Na temporada seguinte, começou a punir as trocas de motores, agora V8, com a perda de 10 posições no grid de largada. As mudanças atingiam diretamente as estratégias de boxe da Ferrari e a fragilidade dos motores Mercedes da McLaren de Kimi Raikkonen, motivo constante de trocas entre classificação e corrida. A Classificação em três etapas, assim como conhecemos hoje, também começou naquele ano.

Em 2007, foi a vez de dar adeus ao controle de largada e aos amortecedores de massa, joias da Renault durante o bicampeonato de Alonso, em 2005 e 2006, junto às suspensões ativas e os pneus Michelin, deixando a japonesa Bridgestone como única fornecedora da categoria. Também começava o congelamento no desenvolvimento de motores, que agora teriam que durar duas corridas seguidas. Para completar o “pacote”, em 2008, vimos o controle de tração sendo extinto e a imposição de uma central eletrônica única para as equipes, obrigatoriedade de utilização dos dois compostos de pneus durante a mesma corrida e a mesma caixa de câmbio durante quatro GPs seguidos.

Mas nada se compara, em impacto, às mudança de 2009-2010: Assistimos de camarote um campeonato, que inicialmente seria decidido no número de vitórias, voltar para o sistema de pontos, antes mesmo da primeira largada; O promissor KERS, odiado por uns e amado por poucos, durou mais que isso; a aerodinâmica ganhou uniformidade e ficou mais limpa, sem tantos “penduricalhos” para ganhar downforce; Os pneus slicks voltaram, após 12 anos; cada piloto passou a ter direito a oito motores por temporada, apesar da punição para cada propulsor extra continuar a mesma.

As duas últimas — e grandes — mudanças vieram este ano: o sistema de pontos foi ampliado para o Top10 e voltou a valorizar a disputa pelo pódio; O reabastecimento voltou a ser proibido, como em 1993, mudando ainda mais o desenho e o balanço dos carros — que, aliás, agora são 24 no grid.

Mais carros, mais equipes, menos importância nos pit stops, menos downforce, menos facilidades mecânicas, designs mais parecidos… Esqueci alguma coisa? Todas estas modificações, tanto nas regras de desenvolvimento dos carros quanto do campeonato, acarretaram em algo que não acontecia desde 1981: Nas últimas quatro temporadas, quatro pilotos de equipes diferentes tornaram-se campeões: Alonso (Renault), em 2006, seguido de Raikkonen (Ferrari), Hamilton (McLaren) e, o mais recente, Button (Brawn GP). Porém, a Fórmula 1 não conseguiu alcançar o que queria: aumentar o número de ultrapassagens e diminuir os custos. As corridas continuam chatas, eventualmente, e o teto orçamentário nem é mais pauta de reuniões da FIA e FOTA.

E é aí, então, que eu pergunto: Se toda esta transformação técnica não trouxe mais emoção para as corridas, o que ainda está errado? Isso, eu só respondo na próxima coluna. Até!

*Belenos é acadêmico de Comunicação Social, fã de Fórmula 1 da era pós-Senna e já não perde uma corrida desde Mônaco-1999.

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