Preparar profissionais das unidades de saúde e organizações não-governamentais para atender usuários de drogas no Brasil, Paraguai e na Argentina é o objetivo da “Capacitação em Prevenção a Drogadição” que começa no dia 19, no Centro de Treinamento da Itaipu Binacional.
Promovido pelo Grupo de Trabalho Itaipu-Saúde (GT-Itaipu Saúde), o curso será dividido em cinco módulos, com aulas uma vez por mês. Os módulos versarão basicamente sobre a droga ao longo da história, os diferentes tipos e a ação no organismo do ser humano. Os modelos de prevenção e os tratamentos disponíveis nos três países também farão parte dos debates. A primeira atividade será ministrada pela psicóloga Viviane Tinoco, do Centro de Atenção Psicosocial em Drogas (Caps-AD), no Rio de Janeiro.
Conforme explica Sônia Lafoz, integrante da Comissão de Saúde Mental do GT-Itaipu Saúde, o desafio dos participantes será apresentar ao final do curso propostas de trabalho em rede. “A busca por intercâmbio de experiência entre os países deverá dar a tônica do treinamento”, adiantou.
Intoxicação – Este tema entrou em debate no Grupo de Trabalho em virtude do aumento considerável de usuários de drogas, sejam elas lícitas como remédios, cigarros e álcool, como ilícitas: maconha, cocaína e crack na região de fronteira. Dados das regionais de saúde apontam que, em 2009, mais de mil óbitos na região Oeste foram provocados por intoxicações exógenas, ou seja, decorrentes do consumo de drogas. A ingestão exagerada de remédios corresponde à cerca de 50% do total de casos e 12% por drogas ilícitas.
Drogas x criminalidade – Outra preocupação apontada pelo coordenador do GT-Itaipu Saúde, Joel de Lima, assistente da Diretoria Geral de Itaipu, é a violência gerada a partir do uso de entorpecentes.
De acordo com dados do Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros, as regiões de fronteiras são consideradas as mais violentas. Na maioria das cidades, os óbitos violentos têm relação direta com o uso de drogas. E Foz do Iguaçu está entre as cinco cidades brasileiras com maiores taxas de mortes violentas. Em 2009, por exemplo, a Delegacia da Polícia Civil registrou 172 homicídios. Em 2010, nos primeiros quatro meses do ano foram 73.
No caso de mortes de jovens até 25 anos, Foz do Iguaçu é a primeira da lista, conforme a pesquisa Ranking de Homicídios de Jovens do Brasil, divulgada no início de abril.
Para Joel, esta capacitação é importante porque ao especializar os técnicos no suporte psicológico ao paciente e às suas famílias, será possível reduzir o número de óbitos e diminuir a violência.