Search
Previous slide
Next slide

Leia a íntegra da carta aberta de Dom Laurindo

Previous slide
Next slide

Com os resultados do primeiro turno das eleições, fica evidenciado que a campanha política para a escolha do presidente da república não terminou. Vai haver segundo turno entre José Serra e Dilma Rousseff. 

É bom refletir um pouco sobre o resultado do primeiro turno. Há poucos dias os jornais notificaram que o candidato José Serra esteve em Salvador da Bahia, onde recebeu o título de cidadão da capital baiana. “Depois da cerimônia na Câmara, Serra seguiu para a Cúria Metropolitana, onde se reuniu com dom Geraldo Magella Agnelo, cardeal de Salvador e arcebispo-primaz do Brasil. Dom Agnelo entregou ao candidato cópia da Declaração Sobre o Momento Político Nacional, documento elaborado pela CNBB para, segundo o texto, "ajudar os eleitores no discernimento de seu voto". Esta declaração prega que é preciso votar em "pessoas comprometidas com o respeito incondicional à vida, à família, à liberdade religiosa e à dignidade humana".

Em resposta, José Serra afirmou:  "O documento expressa meu próprio pensamento. Jesus Cristo é a verdade e a justiça. Isso corresponde à minha prática de vida, à minha prática política. Não sou um cristão de véspera de eleição, de boca de urna. Se a política brasileira tivesse verdade e justiça, o País seria muito melhor".

Eu, Dom Laurindo, não tenho condições de afirmar se o Governador de São Paulo é efetivamente a pessoa que se apresenta e se o partido dele de fato espelha os ideais que ele garante  assumir. Entretanto, acredito que sua postura foi, ao menos em parte, responsável pela sua classificação para o segundo turno.

Da mesma forma,  não posso definir objetivamente qual seja o posicionamento da candidata do PT, diante dos princípios sustentados pela Igreja e diante dos ditames da ética e da moral. Sei, entretanto, que seu partido,  com o passar do tempo, veio assumindo posições contrárias a estes princípios e ditames. O 3º Plano Nacional dos Direitos Humanos, propugnado pelo Partido dos Trabalhadores se posiciona  claramente a favor do aborto, da eutanásia, do divórcio, do casamento de homossexuais e do banimento de símbolos religiosos de lugares públicos. Estes posicionamentos suscitaram uma onda de repulsa em grande parte da população a qual, partindo do princípio que o Estado tem competência em campo político e social, mas não em campo religioso e moral, pleiteia uma organização civil que respeite estes valores e os princípios.

Diante disto, fica uma pergunta: o fraco desempenho da candidata presidencial no primeiro turno deve-se a uma rejeição de sua pessoa, ou à rejeição da linha que seu partido veio adotando depois que assumiu o poder? Todos sabem que o PT nasceu dentro da Igreja e que iniciou sua caminhada inspirado nos princípios religiosos e sociais. Mas que rumos está adotando agora?

Aconselho os promotores da campanha da Dilma Rousseff a responder a estes questionamentos antes de iniciar o segundo turno. Aconselho também os amigos ouvintes a se questionarem sobre os critérios que o eleitor deve ter em conta quando escolhe um candidato em vez de outro. Se não fizer isto, acabará brincando com o voto e elegendo comediantes, boxeadores ou jogadores de futebol, em vez de escolher pessoas comprometidas com o povo. A propósito, vocês se questionaram sobre o fato de que Foz do Iguaçu não conseguiu eleger nenhum deputado federal, enquanto Cascavel elegeu quatro?


Pensem nisto, caros amigos, e aceitem minha saudação cristã SLJC

Dom Laurindo Guizzardi
Bispo Diocesano
Previous slide
Next slide