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Uma questão de visão

 
Coluna sobre empreededorismo Empresa Jr.-PTI

Todos os dias nós e nossas organizações enfrentamos problemas ou apenas atividades a serem resolvidas. Enxergamos, tomamos conhecimento de que algo precisa de solução e muitas vezes sabemos que precisamos de solução, mas, nem sempre sabemos exatamente para que. No dia a dia dos negócios não temos tempo para analisar os detalhes. Mas existe uma habilidade capaz de nos fazer enxergar de forma mais ampla, mas antes quero partilhar uma parábola Hindú:

 

“Numa cidade da Índia viviam sete sábios cegos. […] chegou à cidade um comerciante montado num enorme elefante. Os cegos nunca tinham tocado nesse animal e correram para a rua ao encontro dele.

O primeiro sábio apalpou a barriga do animal e declarou:

– Trata-se de um ser gigantesco e muito forte! Posso tocar nos seus músculos e eles não se movem; parecem paredes…

– Que palermice! – disse o segundo sábio, tocando nas presas do elefante. – Este animal é pontiagudo como uma lança, uma arma de guerra…

– Ambos se enganam – retorquiu o terceiro sábio, que apertava a tromba do elefante. – Este animal é idêntico a uma serpente! Mas não morde, porque não tem dentes na boca. É uma cobra mansa e macia…

– Vocês estão totalmente alucinados! – gritou o quinto sábio, que mexia nas orelhas do elefante. – Este animal não se parece com nenhum outro. Os seus movimentos são bamboleantes, como se o seu corpo fosse uma enorme cortina ambulante…

– Vejam só! – Todos vocês, mas todos mesmos, estão completamente errados! – irritou-se o sexto sábio, tocando a pequena cauda do elefante. – Este animal é como uma rocha com uma corda presa no corpo. Posso até pendurar-me nele.
E assim ficaram horas debatendo, aos gritos, os seis sábios. Até que o sétimo sábio cego, o que agora habitava a montanha, apareceu conduzido por uma criança.

Ouvindo a discussão, pediu ao menino que desenhasse no chão a figura do elefante. Quando tacteou os contornos do desenho, percebeu que todos os sábios estavam certos e enganados ao mesmo tempo. Agradeceu ao menino e afirmou:
– É assim que os homens se comportam perante a verdade. Pegam apenas numa parte, pensam que é o todo, e continuam tolos!”

 

Da mesma forma dentro de uma organização se as vendas não vão bem o vendedor tem um diagnóstico, o supervisor outro e o gerente outro, e pior o dono da empresa tem outro diagnóstico totalmente diferente. E quem toma a decisão tende a decidir de acordo com a sua própria visão, ou com sorte juntando a opinião de um ou de outro. Assim como os cegos da parábola todos estão pensando conhecer a verdade, mas não a conhecem, pois enxergam apenas uma parte dela e não a situação como um todo.

Desde a década de 50 alguns estudiosos têm defendido a visão sistêmica. Eles entendem que o mundo é um grande sistema composto de sub-sistemas. Assim tudo está ligado a algo maior e querer resolver um sub-sistema sem conhecer o sistema como um todo torna-se então uma atividade pouco eficaz.

 

Para a administração a empresa é um sistema e as suas atividades, pessoas, situações e processos são os sub-sistemas, ou seja, cada uma dessas questões fazem parte de um algo maior que é a empresa. Então entender que as vendas não estão satisfatórias não é uma tarefa assim tão simples, pois, o problema pode não estar em alguma atividade diretamente ligada a vendas, mas à alguma atividade secundária. Por este motivo é essencial que ao menos o gestor tenha capacidade de enxergar o todo e não somente as partes, assim como o menino que podia enxergar o elefante.

 

Ou seja, visão sistêmica é a capacidade do ser humano de enxergar o todo e não apenas as partes isoladas. Peter Senge, em seu livro “A quinta disciplina” explica que uma organização que segue a visão sistêmica conhecendo e melhorando seus processos é uma organização que aprende. Ela é capaz de identificar o seu negócio, os processos que o constituem, tem foco nos resultados esperados e aprendem com os erros, pois, a visão sistêmica os leva a enxergar o todo e assim, o que efetivamente pode ser feito para melhorar o produto final e alcançar as metas estipuladas na empresa. Se você continuar com uma visão isolada pode traçar metas e mais metas, mas é pouco provável que as atinja. Agora se você aprender a enxergar o todo ai sim será possível identificar as melhores idéias, melhores metas e principalmente as ações mais importantes para que as metas sejam atingidas. É tudo uma questão de olhar mais a fundo. E esse pode ser o diferencial do seu negócio, a capacidade de enxergar além os próprios processos, mas também o mercado.
Utilize a visão sistêmica para entender porque algumas coisas simplesmente não estão acontecendo apesar dos esforços despendidos. Você conseguirá achar outras saídas muito mais eficazes.

 

“as empresas estão conectadas por fios invisíveis de ações inter-relacionadas, que muitas vezes levam anos para manifestar seus efeitos umas sobre as outras”.
Senge (2006, p. 40)

Dicas

1º coloque no papel o seu problema, em uma palavra ou uma frase;
2º escreva ao lado todas as possíveis causas, mesmo as mais distantes;
3º depois defina qual a causa mais importante ou as que têm que tratar primeiro.

Fazendo essa atividade simples em discussão com mais pessoas envolvidas você já achará “n” possibilidades para resolver o problema, discussão é muito importante nessa hora. Se quiser se aprofundar mais faça um Diagrama de Ishikawa, ou Espinha de Peixe, que estuda a causa e os efeitos do problema em todos os âmbitos possíveis da organização.

Sugestão de leitura

A Teia da Vida – Fritjot Capra um livro fantástico que explica o pensamento sistêmico sobre a ótica de diversas ciências como biologia, psicologia, filosofia, administração e outros. Proporciona um conhecimento incrível sobre uma nova forma de visão. É de fácil e prazerosa leitura.

A quinta disciplina – Peter Senge – um livro de cabeceira para qualquer gestor. Peter Senge defende que a disciplina mais importante que as empresa precisam aprender é a enxergar sistemicamente e o aprendizado contínuo. A leitura é ótima e o aprendizado incomensurável.

Daline Aguilera
Presidente
(45) 3576-7096
atendimento@crescerjunior.com.br

 

 
 

 

 

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