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Profissionais da Itaipu fazem estudo inédito sobre potência do Rio Iguaçu

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Com a ajuda da Itaipu Binacional, pela primeira vez a ciência comprovou aquilo que  os olhos de milhares de turistas já viram: a potência das corredeiras das Cataratas do Iguaçu, que chegam a uma velocidade seis vezes superior à de um rio normal. Em alguns pontos próximos  às  quedas, a velocidade chega a quase sete metros por segundo.

Foto: Alexandre Marchetti/Itaipu Binacional
A rapidez  das  águas nas Cataratas do Iguaçu produz força suficiente para arrastar uma pedra de até 10 toneladas

 
O  resultado  é  parte de um minucioso trabalho da Divisão de Estudos Hidrológicos e Energéticos (OPSH.DT) sobre o comportamento das águas do Rio Iguaçu,  no trecho de 23 quilômetros entre as cataratas e a confluência com o  Rio  Paraná.  A  pesquisa  foi  encomendada à Itaipu pela Comisíon Mixta Argentino Paraguaya del Río Paraná (Comip), formada pelos dois países.
 

O  relatório,  que começou com estudos em setembro de 2010 e deve ser concluído  em  março,  ampliará  e  tornará  mais  precisos  os  modelos já existentes  sobre  o  comportamento  do  Rio  Iguaçu.  Até essa análise, os diagnósticos estavam limitados a montante das quedas, ou a uma distância de cinco quilômetros a jusante do Iguaçu, exatamente em virtude da dificuldade imposta pela força das águas.

“Não  conseguíamos  navegar  após  o  Porto  do  Macuco  por causa da dificuldade  das  corredeiras, então nossos estudos iam até este ponto. E o último  deles  foi  feito  há 34 anos, em 1977”, explicou o engenheiro Juan Blas Fernandes, da Comip. Uma distância de cinco quilômetros separa o porto da Ilha de San Martin, próxima às primeiras grandes quedas.

Para  a  pesquisa  encomendada  agora,  a  alternativa foi alugar uma embarcação do Macuco Safari, com dois motores de 150 cavalos, própria para as corredeiras  do Iguaçu. Foi com este barco que a OPSH.DT conseguiu realizar a medição inédita nas últimas quarta (9) e quinta-feira (10).

Tecnologia e resultados – Além  da  embarcação  potente,  a tecnologia também ajudou no serviço feito  com  a  combinação  de  dois  tipos  de  medição. O primeiro usou um ecobatímetro  –  equipamento similar a um sonar, com capacidade para mapear profundidades  de  até  600  metros, e que gera um traçado da topografia do rio. O  equipamento  emite  sinais  acústicos  e,  por  meio de um relógio interno,  mede o intervalo entre o momento da emissão do sinal e o instante do  retorno  do  eco  ao sensor. O som é convertido em sinais elétricos que fornecem  informações  da  profundidade  exata  abaixo  do  transdutor.  Os resultados  são  agrupados  e  convertidos  cartograficamente  em uma malha quadriculada, em três dimensões.

O  segundo  aparelho  usa  ondas  sonoras para medir a velocidade das correntes e as turbulências: é o ADCP, sigla para Acoustic Doppler Current Profiler  ou  Perfilador  Doppler  Acústico  de  Corrente,  em português. O equipamento  é  usado  de  forma concomitante a um GPS, que traça os pontos analisados.

Da  Ilha  San  Martin  até o Porto do Macuco no lado argentino, foram mapeados  4.200  pontos em cinco quilômetros, percorridos em 1h10. Os dados completos  só  estarão  disponíveis no relatório final, mas já foi possível atestar alguns resultados na última quinta-feira (10).

Além  da  velocidade  máxima  de  6,8 metros por segundo em pontos de maior  correnteza, as análises mostraram a profundidade do trecho, variável entre  2,8 metros a 12 metros no entorno da Ilha San Martin. No Rio Iguaçu, a profundidade média é de 20 metros.

Como   era   previsto   pelos  técnicos,  a  batimetria  comprovou a irregularidade  do  fundo  do  Rio  Iguaçu  na área próxima às quedas. Essa ‘rugosidade’  é  uma  das responsáveis pela grande turbulência das águas do trecho, tão intensas que impediram a leitura do ecobatímetro em determinados momentos.

“Nunca vi o ecobatímetro não funcionar. É uma força incrível”, disse o engenheiro civil da OPSH.DT, Paulo Gamaro. “Isso é um laboratório de  hidráulica  a céu aberto. Aqui vemos as correntes e a turbulência de um jeito  que nem os melhores centros de pesquisa do mundo conseguem simular”, disse o engenheiro.

Segundo  o  gerente da OPSH.DT, Jose Miguel Rivarola Sosa, o trabalho dará  ainda  mais  precisão  dos  modelos  hidrodinâmicos  já existentes na Hidrologia.  “Será  útil  para  a  Comip  e para nós da Itaipu. Quanto mais informação,  melhor  a qualidade dos nossos modelos hidrológicos”, concluiu Sosa.

 

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