BATALHA
Gostaria de ter usado a coluna da última terça-feira (02/08/11) para tecer comentários a respeito da péssima atuação do técnico Pedro Caçapa na edição iguaçuense da ‘Batalha dos Aflitos’, presenciada no jogo entre Foz e Londrina, dia 31/07/11, no Estádio do ABC. Aflitos, nesse caso, eram os integrantes do time iguaçuense, que saiu ganhando, mas que perdia o jogo até os 44min do 2º tempo da partida. Em cinco minutos fez o que não fizera nos outros 90, e acabou heroicamente empatando com o Tubarão e prolongando o campeonato que, até os 49min da etapa final estava sendo abreviado e conquistado pelo Londrina.
EQUÍVOCOS
A meu ver, o jogo só foi dificultado pela armação absurda que Caçapa impôs ao Foz. Jogando com três volantes, tirou toda a criação e reduziu a ofensividade da equipe. Acabou de complicar tudo, quando no intervalo sacou Almir Dias (um dos melhores do meio-campo) para colocar Pequi, recuando Rafael Canela para o meio. Duplamente equivocado. Se era para ser ofensivo e precavido, a melhor alteração era colocar Danielzinho no lugar de Fernandinho ou do próprio Canela. Mais tarde, foi exatamente isso que foi feito – Fernandinho, que não estava bem no jogo, saiu para entrar o ‘fogueteiro’ Daniel.
Não fosse o destino ter premiado a genialidade de Gilson – um dos melhores em campo, lutou com bravura durante todo o jogo – sequer estaríamos discutindo futebol, aqui.
Gilson salvou Caçapa. Mas quem salvará o Foz se o time seguir no Quadrangular?
BATALHA II
Notaram o “se” no final da nota anterior? Pois é. Todo mundo já sabe que o Foz foi induzido a um erro pela Federação Paranaense de Futebol (FPF), em função da validade ou não do jogo contra o desistente São José. O time considerou que Alison cumpriu a suspensão automática pelo 3º cartão amarelo nesse confronto, mas o Tribunal de Justiça Desportiva da FPF (TJD-PR), achou que não.
Agora, inicia-se uma batalha judicial para saber quem tem razão.
Sorte do Foz, que tem do seu lado o competente Domingos Moro, advogado renomado que já entrou no caso com convicção, fazendo-nos crer que a vitória tem grandes chances de vir. Se isso não ocorrer no TJD-PR, no STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) Moro acredita que teremos uma “bela discussão”, e que a jurisprudência é farta nesse sentido (e favorável ao Foz). Ele próprio, lembra que já salvou o Porto, de Porto União (SC), num episódio semelhante aonde o TJD-SC tirou os pontos, mas que o Superior devolveu.
Gilson salvou Caçapa. Será que Domingos Moro salvará o Foz?
CULPADO
A primeira reação dos mais desavisados seria jogar toda a culpa do ocorrido em cima do supervisor do Foz do Iguaçu Futebol Clube, Genésio Camargus, o Cigano. Porém, quem conhece o funcionamento de uma equipe de futebol e já acompanhou o trabalho do Cigano, sabe que a análise da situação carece de um pouco mais de cuidado.
Primeiramente, creio que a estrutura proporcionada pelo Foz foi quem induziu a esse erro. A importância da função de supervisor vem sendo minimizada já há algum tempo. Seja pela falta de um profissional adequado ou pela falta de recursos para pagar um supervisor em tempo integral. O fato é que a função é cumprida de maneira inadequada, com muita gente fazendo a mesma coisa e, não raramente, um deixando para o outro e ninguém fazendo o que tem de ser feito.
CULPADO II
Cigano é competente. Talvez seja um dos mais qualificados no Paraná para a função. Alguns o acham meio atrapalhado, mas ele entende da função. Porém, atualmente, a principal ocupação de Cigano é um importante cargo no Cerimonial da Prefeitura. Lá, Cigano tem remuneração oficial e toma providências importantes para o andamento das atividades daquele departamento.
A função de supervisor, ainda que modestamente remunerada, é exercida como “bico” – talvez até como hobby – e aí reside o grande equívoco da diretoria em aceitar isso. Minimizaram essa responsabilidade.
Como não viaja acompanhando o time, Cigano não está focado na função. Na sua ausência, pelo apurado, o fisicultor e auxiliar técnico Claudinho Zurlo acumula a função (notem que é uma terceira função). Em muitos casos, a cópia da súmula do jogo, parava nas mãos do presidente, Lóli Dalla Corte.
CULPADO III
Há rumores de que a súmula da partida contra o Iguaçu – na qual Alison teria levado o 3º cartão amarelo – sequer chegou às mãos de Cigano. Consta, ainda, que quando Alison alertou que estaria suspenso e perguntou se poderia jogar, Cigano não foi consultado e a decisão de escalar o atleta passou por um processo que envolveu muita gente e até uma consulta informal a alguém na FPF, e mesmo assim o “erro” foi consumado.
Assim, Cigano não deve ser crucificado pela torcida. Ele também foi vítima do regulamento confuso e da estrutura “torta” que o Foz tem nessa temporada.
Gilson salvou Caçapa. Será que a torcida poupará Genésio Camargus, o Cigano?
FPF
Se tem um ditado que não sai de moda é aquele que diz que “muda a coleira, mas o cachorro continua o mesmo”. Os novos mandatários da FPF assumiram com o compromisso de imprimir mais lisura e transparência no futebol do estado. Vão mal nesse aspecto.
O que aconteceu nesse caso é mais um exemplo. Ora, se o São José foi eliminado, porque não anular todos os resultados produzidos pela sua participação no certame? Dessa forma, não restaria dúvidas de que ninguém seria beneficiado com seus jogos. Não restaria nem aquela pontinha de desconfiança de que o time foi “plantado” para beneficiar alguma outra equipe.
O maior beneficiado foi o Londrina, que fez um “balaio” de saldo de gols sobre o São José, que só deixou a competição após fazer o segundo jogo contra o Tubarão.
Isso sem falar da forma com que se deu a denúncia contra o Foz no caso Alison. E do célere prazo que se deu entre a citação oficial e o julgamento – fato já atacado por Domingos Moro.
Vou mandar outro ditado: “à mulher de César (rei) não basta ser honesta; ela deve parecer honesta.”
AMARELARAM
Os vereadores de Foz amarelaram e resolveram retirar seu apoio a Hermógenes, que propôs o aumento para 21 vereadores na Câmara Municipal de Foz. Cederam às pressões da Acifi, OAB-Foz e Convention Bureau (???). Agora, até à Maçonaria atribuem a autoria da campanha que massacrou os edis pela intenção.
É muita ingenuidade acreditar que “Mogênio” agiu isoladamente ao propor o aumento. Tinha apoio maciço, mas foi abandonado pela covardia daqueles que temeram o debate com o povo. Alguns, alegaram respeito à vontade popular; outros, falta de transparência na questão dos gastos da Câmara.
O fato é que a retirada, sem debate, reforça a idéia de que o grupo atual de edis é muito fraco – salvam-se poucos. A ponderação acerca do impacto dos projetos deve ser feita antes da proposição das matérias. Nesse caso, o iminente desgaste político falou mais alto.
Gilson salvou o Foz. Quem salvará os edis do julgamento popular?
AUDIÊNCIA
Independente da retirada da matéria da pauta de votações, acho que a necessidade da realização de uma audiência pública sobre o tema não deixou de existir. Não deveria ter sido cancelada. A sociedade deveria se manifestar, até para que, futuramente, o projeto pudesse ser reapresentado. Quem sabe até propondo redução no número de edis.
Além disso, seria um bom momento para suscitar questões relativas aos gastos com cargos comissionados e o próprio orçamento da Casa.
A forma com que se tenta encerrar esse debate nos impede de classificar o recuo dos edis como uma vitória da democracia, do poder que emana do povo. Afinal, a aristocracia dos 15 permanece intacta.
Gilson salvou o Foz. Quem salvará o município do orçamento da Câmara?
SACO ROXO
Gilmar Piolla foi corajoso nessa discussão dos 21, ao dizer que devolveria seu título de Cidadão Honorário caso a Câmara aprovasse o aumento de cadeiras legislativas. Em conversa com o superintendente de comunicações da Itaipu Binacional, ele esclareceu que a declaração era um recado aos vereadores. Para ele, foi uma honra ser agraciado com a comenda, mas que se os edis “derem esse golpe na população”, ele prefere devolver o título que esse mesmo grupo lhe concedeu.
Gilson salvou o Foz. Será que os vereadores salvarão o título de Cidadão Honorário do Piolla?
Até mais!
Deixa Deus comandar o teu time no jogo da vida e seja um vencedor, sempre…
Neste espaço Washington Sena conta um pouco sobre os bastidores da política e do esporte municipal e estadual. Esta coluna mantém um canal direto com o colunista Washington Sena. É o clickfoz@wsena.com.br.