Depois de quarenta minutos, no sol, junto com mais umas vinte pessoas, tentando ir da Avenida JK até o TTU e literalmente não conseguir entrar nos ônibus lotados, chegamos (eu, aquela gente que estava no ponto e todos os cidadão dessa cidade) à conclusão de que o Transporte de Foz está no limite do aceitável e que mudar, agora, é só uma questão de a população se posicionar fortemente contra o desrespeito à cidade e à população.
O maior “iguassuíno”, parafraseando a campanha publicitária, é o Sistema de Transporte Público da cidade.
Que, aliás, de público, não tem nada.
É, sim, um negócio controlado por empresas privadas que visam somente ao lucro.
Não vejo problemas em concessão à iniciativa privada, mas cadê a contrapartida?
Cadê o resultado social?
Sei que já ficou comum eu vir reclamar aqui, no Click, nesta coluna, do transporte de Foz do Iguaçu, mas sou usuário e vejo, todos os dias, o quanto as pessoas – principalmente as mais simples, as mais humildes – sofrem dentro dessas carroças quentes e apertadas.
Em abril, na Audiência do Transporte, realizada na Câmara, o engenheiro responsável pelo projeto do transporte teve a cara-de-pau em dizer que só há lotação em horários de pico. A cena que descrevo no início deste texto (com destaque para a lotação dos ônibus, a ponto de não conseguirmos entrar) ocorreu em uma terça-feira (ontem), às 15h30, nas proximidades do terminal urbano e com linhas que ligam a Zona Norte à Zona Sul, ou seja, as que tem, teoricamente, maior número de veículos.
As pessoas ficam, todos os dias, no sol, literalmente torrando, enquanto esperam por ônibus cheios, sem ar-condicionado, sem rebaixamento de entrada e/ou acessibilidade mínima, com o motor na parte da frente (insalubre para todos) e, principalmente, com custo de R$ 2,40.
Quem acompanhou pelo twitter ou facebook os comentários que fiz, via celular, enquanto esperava o ônibus, sabe que consegui voltar para casa de carona. Um desconhecido, parado próximo ao ponto, vendo a situação, ofereceu ajuda e nos trouxe (eu e mais duas pessoas) até o Centro, sem cobrar nada e dizendo que a cena é comum por ali.
Assim, amigo leitor, limito-me a dizer que hoje (quarta-feira) tem Audiência Pública do Transporte Coletivo, às 19h30, na Câmara de Vereadores.
Estamos vendo gente de todo o Brasil se revoltar, marchar, etc, pelas mais diversas causas e o transporte de Foz é uma grande causa para nós iguaçuenses. É preciso aparecer por lá, falar, pautar, perguntar, ouvir, contestar e, principalmente, mostrar para os responsáveis pelo Transporte o quanto podemos cobrar mudanças.
Não vamos à Audiência com demagogias e bandeiras absurdas, infundadas, como o Passe-Livre universal para estudantes. Vamos, sim, com a bandeira da melhoria do serviço ou redução do preço e isenção para quem realmente precisa, sem a humilhação que as pessoas passam para provar ao Único que precisam do benefício. Vamos pedir veículos melhores e confortáveis. Vamos reclamar da falta de linhas e da péssima distribuição das mesmas. Vamos (por que não?) lutar pela criação de um Sistema Municipal de Transporte, operado pela Cidade, o que retiraria o fator “lucro” do preço da passagem e acabaria com a farra dos editais. Muitas cidades enfrentaram o tema e conseguiram ótimos resultados.
Chegou nossa vez.
Hoje, quarta, 19h30, vamos aparecer lá e dizer o que a gente pensa e o que a gente quer.
*Luiz Henrique Dias é escritor e Diretor da Cia Experiencial. Leia mais em luizhenriquedias.com.br ou siga ele no twitter: @LuizHDias