Além de olhar a nota no boletim, preocupado com a média, você observa quais conteúdos estão sendo trabalhados em vista de sua formação humana e pro-fissional?
Naturalmente, isto vale não só para o Ensino das Artes, mas para todas as demais disciplinas. Além da simples nota (por vezes tão relativa) está o real conhecimento, a sen-sibilização do educando que ficará para a toda a sua vida.
Falando no Ensino de Artes, constata-se que o mesmo não recebe a devida importância. Colégios particulares, principalmente, por vezes nem sequer contratam um profes-sor especializado. Qualquer professor de outra disciplina acaba aplicando as aulas, uma vez por semana. Não é de estranhar, pois, o grau de desinteresse que isto gera, entre os alunos e os pais. Conclui-se que as artes não têm importância. Ora, pensar que o tema não seja essencial ocasiona uma perda lamentável para a sociedade. É o que nos faz pensar Ana Mae Tavares Bastos Barbosa, educadora brasileira e pioneira em arte-educação: “uma sociedade só é artisticamente desenvolvida, quando ao lado de uma produção artística há também uma capacidade de entendimento desta produção pelo público”. Em outras palavras, uma sociedade só é desenvolvida quando é ‘artisticamente desenvolvida’ e, para alcançarmos esse grau de civilização, é primordial que a educação seja revista.
Se realmente queremos uma educação integral e transformadora da sociedade bra-sileira, que construa pessoas com senso crítico, mais sensíveis aos valores culturais e, por isto, mais humanas, é necessário, sim, mudar o conceito de Ensino de Artes em nossas escolas. É necessário avançar muito. Nossos estabelecimentos precisam remanejar seus recursos (humanos, logísticos, financeiros) em vista desta integralidade na educação. É tarefa de docentes e gestores de estabelecimentos de ensino, mas dela não se excluem os pais como primeiros responsáveis pela formação de seus filhos.
Portanto, passe a averiguar, a informar-se, a conhecer e a questionar qual é o esta-do do Ensino de Artes na escola de seu filho e peça ao vizinho para fazer o mesmo… Quem sabe tenhamos, num futuro próximo, além de mais e melhor produção artística, especialmente cidadãos formados para apreciá-la em todas as suas expressões.
*Claudia Ribeiro é atriz, contadora de história, produtora, dramaturga e professora.