Escritores e jornalistas, Domingos Meirelles e Flávio Tavares receberam na noite de sexta-feira um grande público para uma conversa sobre seus livros que relatam a história da Coluna Prestes e ditadura militar respectivamente. Acompanhados do também escritor Aluizio Palmar a dupla trouxe ao público experiências vividas e transmitidas em suas publicações e avaliou a importante participação dos profissionais de imprensa na história.
“Participo de várias feirase interajo com professores e historiadores na plateia. Costumo dizer que há uma grande diferença entre os olhares de jornalistas e historiadores sobre os fatos da história. O que vemos nos livros escritos por jornalistas é o resultado de uma investigação não somente de documentos oficiais , mas de uma percepção diferenciada. O olhar do jornalista é mais treinado , é um olhar mais perspicaz”, disse Meirelles.
Com relatos que auxiliam a traduzir partes que a história não conta, Meirelles revelou ainda que o trabalho de investigação e atenção sobre cada acontecimento produz um olhar diferenciado que contribui com a história, “pois é a partir da visão dos derrotados e não necessariamente o que contém nos livros e mostra o lado de quem venceu. Nosso papel é de revisitar temas e situações e contarmos a história a partir daí. A história oficial nem sempre representa a verdade”.
Como narrador e investigador da história, Meirelles ainda falou sobre o importante trabalho realizado por Tavares que ‘sentiu na carne as convulsões da história’. Tavares foi um dos 15 presos políticos a serem trocados durante o sequestrodo embaixador americano em 1969. Vítima de torturas e exílio, o jornalista confirmou que não possui as mesmas habilidades do amigo Meirelles, mas que foi engrenagem da história. “Redigi meu livroem seis meses e demorei 30 anos para escrevê-lo”, disse Tavares aos 78 anos. “Sou um memorialista, Domingos é um historiador”. Em comum ambos tiveram como motivação para escrever “1930 – os órfãos da Revolução” e “1961- O Golpe Derrotado”, a necessidade de mostrar ao mundo o que viram e viveram. “Queríamos que as pessoas pudessem fazer suas próprias reflexões sobre a história”.
Patrono – Domingos Meirelles foi escolhido como patrono da edição 2012 do Salão Internacional do Livro. “Tenho uma ligação muito forte com a cidade, pois sempre esteve presente na minha vida, durante as minhas melhores reportagens. O Salão do Livro, que vi nascer, tenho um carinho especial. Fico lisonjeado em ter sido lembrado pela organização do evento”.
Na noite de sexta-feira também receberam homenagens a diretora da RPC, Dina Oro no ato representada pelo jornalista Roni Ragadali e o empresário e um dos idealizadores do Salão, Rogério Bonato.