Transformar a casa e demais ambientes que fazem parte da rotina dos pacientes – com seus degraus, pisos escorregadios e móveis não necessariamente dispostos da melhor forma e com formatos ergonômicos equivocados – em um espaço para realizar a fisioterapia. Essa é a proposta dos profissionais que optam pelo atendimento em domicílio. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece que esse tipo de assistência respeite sempre o compromisso de promover, restaurar e manter o conforto e saúde das pessoas, podendo ser preventivo ou reabilitador. A fisioterapeuta Cristina Ribeiro ressalta que a resposta das pessoas atendidas em suas casas é positiva, muitas vezes, apresentando melhoras em menor tempo do que previsto. No caso dos pacientes com idade avançada o tratamento domiciliar é mais eficiente porque possibilita prepará-los para os obstáculos que enfrentam rotineiramente.
Cristina, fisioterapeuta especialista em gerontologia, explica que o tratamento do idoso envolve alguns estágios, além da habilidade que o profissional precisa ter para se relacionar bem com o cuidador e os familiares, uma vez que fará o atendimento no ambiente familiar, local onde ocorrem as primeiras interações do indivíduo. Quanto aos estágios dos atendimentos, o primeiro é o “tratamento” da debilidade em si – seja o fortalecimento dos músculos ou a recuperação de um movimento, por exemplo. Vencida essa etapa, é preciso reintegrar esse idoso à sociedade, preparando-o para saber se portar com segurança e independência, iniciando no próprio domicílio. Digamos que uma senhora sofreu uma queda e por meses faz fisioterapia para reabilitar um movimento. “Solucionada essa situação, é preciso prepará-la para transitar naquela área com segurança e confiança novamente, assim como nos demais ambientes que convive. Essa orientação demanda conhecimento da realidade, possibilitado pelo atendimento domiciliar”, explica Cristina.
Outro ponto positivo da fisioterapia em domicílio é o sentimento de familiaridade. O idoso fica mais confiante quando as atividades são realizadas em um ambiente em que está acostumado e se sente protegido e integrado. A proximidade e participação da família no processo de recuperação, acompanhando os exercícios e as evoluções do tratamento, pode ser um reforço psicológico que colabora para o bem estar do paciente. A fisioterapeuta gerontóloga Cristina Ribeiro, defende que “aliar condição psicológica favorável (apoio da família) e tratamento com ambientação no cenário real desses idosos resulta em excelentes resultados. Os pacientes respondem mais rápido aos tratamentos e de modo mais colaborativo do que quando fazem em clínicas”, conta.
Ética – O profissional de fisioterapia que atua em domicílio pode tratar e reabilitar pacientes com diversas patologias – desde distúrbios neurológicos (AVE, paralisias, Doença de Parkinson e Doença de Alzheimer), ortopédicos (fraturas, entorses e contusões) e até respiratórios (asma e bronquite). Embora distante das entidades físicas de saúde, as normas do Código de Ética regulamentadas no COFFITO devem ser seguidas à risca também no atendimento domiciliar, em especial a recomendação de que está atuando no ambiente do paciente e deve respeitar sua intimidade ao máximo.
Reintegração social – Até o início do século XX, os profissionais de saúde prestavam atendimento domiciliar, especialmente por conta dos recursos terapêuticos limitados. Com o passar do tempo, foram se tornando menos usuais e, apenas nos últimos anos, voltaram a ganhar espaço novamente, para atender a uma nova demanda da população, o atendimento personalizado e contextualizado. “Certa vez atendi um paciente que tinha sofrido um AVC e por conta disto, ficou acamado, o que dificultava a família levá-lo a uma clínica de fisioterapia. Iniciei o tratamento em domicilio e, aos poucos, fomos evoluindo até ele ter confiança para sair de casa”, conta a fisioterapeuta Cristina. Em alguns casos, o atendimento em domicílio é a primeira etapa do tratamento e é fundamental para o processo de reabilitação, pois através dele o paciente vai aumentando a confiança em realizar suas atividades diárias e recupera a autoestima para, posteriormente, continuar o tratamento em uma clínica onde existem aparelhos específicos para determinados exercícios. “O atendimento em domicílio é a primeira fase de reintegração do paciente com a família e com a sociedade”, finaliza a fisioterapeuta Cristina Ribeiro.