O começo de tudo
O ato milenar da remada em pé, que acompanha a humanidade ao longo dos anos, encontrou no Hawaii sua vertente esportiva.
A expressão stand up paddle, usada para identificar um dos esportes que mais crescem no mundo, traduzida ao pé da letra significa “ remar em pé” e representa uma prática adotada ao longo de séculos por várias civilizações. Exemplos não faltam: desde tribos indigenas da Asia e da Amazonia, passando pelos moches peruanos e seus “Caballitos de Totora”, pelos povos árabes do mediterrâneo a bordo de seus “Hasakes” e, evidentemente, pelos polinésios. Ou seja, remar em pé sobre uma pequena embarcação não é exatamente uma atividade nova nem exclusiva de determinada região. No entanto o stand up paddle como conhecemos hoje começou a tomar forma no Hawaii dos anos 40, através dos professores de surf de Waikiki, conhecidos como Beachboys, mas o boom do stand up paddle só iria acontecer no final dos anos 90, através dos lendários surfistas Laird Hamilton e Dave Kalama.
Durante um ensaio fotográfico, a bordo de enormes longboards com cerca de 12 pés, em ondas muito pequenas, eles rapidamente ficaram entediados e foram buscar algo novo. “ Eu tinha um par de remos comigo e decidimos usá-los para sair um pouco da rotina. Foi cômico, pois os remos eram pequenos e tínhamos que ficar curvados, mas mesmo assim foi divertido. No dia seguinte, Laird apareceu com remos maiores e passamos a praticar cada vez mais, viciamos.” Revelou Kalama em entrevista à revista “Stand Up Paddle Surfing Magazine”, em 2007.
No Brasil
No inicio dos anos 2000, o SUP começa a se tornar popular no arquipélago havaiano e, como não poderia deixar de ser, o esporte chamou a atenção de alguns brasileiros nas ilhas, entre eles Vitor Marçal – um respeitado salva-vidas radicado em Oahu que, de férias no Brasil, foi provavelmente o primeiro brasileiro a remar em uma prancha feita para SUP em águas tupiniquins. Na verdade, existem divergencias sobre exatamente quem foi o primeiro a promover o renascimento do SUP por aqui, mas há um consenso de que o esporte chegou primeiro em São Paulo.
A novidade foi se espalhando por nosso litoral e novos pioneiros começaram a se aventurar e shapers passaram a pesquisar mais a fundo e a produzir pranchas de SUP.
Um mercado começou a surgir e empresas passaram a investir em tecnologia e equipamentos voltados para o stand up paddle.
Nos anos seguintes o SUP subiu a serra e chegou a lugares como Brasília – onde já é uma verdadeira febre – e também a estados como Mato Grosso e Amazonas. E assim como acontece no resto do mundo, o SUP segue crescendo e conquistando novos adeptos a uma velocidade poucas vezes vista na história dos esportes.
Muito se especula sobre a razão de tamanho sucesso em tão pouco tempo. Alguns atribuem a facilidade de aprendizado; outros, ao execelente treinamento funcional proporcionado; outros, à forma inovadora e contemplativa de se remar e também de se surfar ondas. De qualquer forma, em um ponto todo mundo concorda: o SUP é uma tividade fascinante.
O SUP é um esporte completo, lúdico e que permite um contato com a natureza como poucos, atraindo adeptos de todas as idades, nas mais variadas regiões. Usar uma prancha para deslizar sobre as aguas não é mais privilégio de quem mora na praia.
Modalidades
Com a mesma velocidade que cresce que cresce em número de adeptos, o stand up paddle evolui e se diversifica em diferentes modalidades e estilos. Hoje, existem pranchas feitas para surf, remada, rafting, pesca e stividades esportivas como yoga e pilates. Mas a evolução está longe de acabar. A cada dia e em lugares mais inusitados, surgem novas modalidades de SUP. Até mesmo skate a remo já existe.
A essência do esporte, no entanto, é a remada. Para esta finalidade existem hoje, basicamente, tres tipos de prancha: as pranchas híbridas, as pranchas de race e as pranchas de travessia, também conhecidas como “cruiser”.
As pranchas infláveis: Fabricados com materiais de alta resistencia, as pranchas de SUP infláveis tem umexcelente apelo para aqueles que buscam durabilidade e portabilidade. Novas técnicas de fabricação e materiais reforçados permitem que as pranchas infláveis modernas cheguem a 18/20 psi de pressão, tornando-as bem rígidas. Os modelos top de linha também já apresentam quilhas de encaixe. É por causa de todos esses avanços que mais e mais aventureiros estão fazendo udo do iSUP nas mais diversas modalidades: rios, corredeiras, lugares inacessiveis, ou simplesmente porque, quando dobradas, cabem dentro de uma mochila.
1) River SUP
2) O crescimento do stand up paddle é vertiginoso em todo o mundo e muito dessa força vem do fato de que, ao contrário do surf tradicional, o SUP pode ser praticado sem ondas e, o mais importante, bem longe do mar. Rios e lagos estão se tornando cada vez mais atraentes, seja em busca de um passeio tranquilo ou de adrenalina.
3) O norte-americano Charlie Macarthur foi uma das primeiras pessoal a usar o stand up paddle para remar em rios e também para fazer rafting em corredeiras. Ele descobriu o SUP em Fiji, durante uma viagem, no final da década de 90, e ficou fascinado. Estava diante de uma atividade que combinava surf e remo, seus esportes prediletos. Ao retornar para casa, resolveu aplicar o que vira em Fiji nos rios próximos de sua cidade, no interior dos EUA.
River Sup no Brasil
Brasília é atualmente a cidade brasileira onde há o maior número de praticantes de SUP em água doce, mas se Brasília é a capital, o Rio Grande do Sul é possivelmente o estado com o maior número de praticantes de SUP em água doce do Brasil. Além da grande quantidade de rios e lagos, lá se encontra a maior laguna do Brasil, a lagoa dos Patos, que oferece uma agradável remada em suas águas calmas. No verão, remadões em noites de lua cheia já viraram tradição entre a galera local.
É no Rio Grande do Sul que vive André Torelly, atleta profissional de SUP race e criador da Federação Gaúcha de Stand Up Paddle. O gaúcho é um pioneiro na exploração de rios em busca de corredeiras ideais para o SUP.
O River SUP é considerado hoje a modalidade do stand up paddle com maior potencial de crescimento e a Confederação Brasileira de SUP atenta a essa tendência organizará este ano o 1º Campeonato Brasileiro desta modalidade, o Iguaçu River SUP Challenge.
O evento acontecerá em Foz do Iguaçu, PR, nos dias 07 e 08 de setembro. O local das provas será o canal de águas bravas da ITAIPU Binacional.
As provas serão individuais, masculino e feminino e seguirão as regras do tradicional "mountain games", evento realizado no estado do Colorado, EUA, que é considerado a principal competição de SUP em rios do mundo.